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Tudo bem?
- Tudo bem com você?
É um cumprimento padrão. A pessoa pergunta, você responde:
- Tudo bem sim.
E é claro que não está “tudo bem”.
Algumas coisas estão boas, outras não, mas tudo, tudo, tudo mesmo...ah, isso não tem como. Esse é apenas um modo de não tornar as coisas chatas demais, porque imagine se todo mundo fosse realmente sincero na hora de responder:
- Oi, tudo bem?
E você, na lata:
- Não muito, meu pai está com síndrome de redução genital, já ouviu falar? Pois é, nem eu. Minha preocupação é que seja hereditário, e de problemas eu já tenho os meus, não preciso arranjar mais pra cabeça. Imagine que é a terceira vez que eu hipoteco minhas cuecas e...
É realmente chato.
Por isso que, quando alguém te pergunta se está tudo bem e não está, também existem as respostas padrões como:
- Vou indo.
Ou:
- Vou levando.
E a minha preferida:
- Vou empurrando com a barriga.
Essa é maravilhosa. “Empurrando com a barriga”. Feche os olhos e imagine uma pessoa administrando sua própria vida assim, empurrando seus conflitos e problemas pessoais com a barriga.
E os magros, como fazem?
Mas talvez nada seja tão difícil nesse aspecto, quanto reencontrar uma pessoa pela qual você já foi apaixonado – e ainda é um pouco, já que essas coisas nunca somem por completo.
Assim, por acaso, na rua:
- Oi! – você diz.
- Oi! – ela responde.
- Tudo bem?
- Tudo, e você?
“Não! – você pensa – Não está tudo bem, eu gosto de você, eu quero você, podíamos ter sido felizes juntos, não acredito que você não está comigo sua idiota!”.
Mas claro, você responde o que ela espera ouvir:
- Tudo bem sim.
Então você beija ela no rosto e cada um vai para um lado.
Mais tarde, no silêncio da noite, você sente uma pontada de tristeza te incomodando. E você sabe o que é. Sim, você sabe. Não está tudo bem.
É só você, mais uma vez, empurrando com a barriga.
Mas chega de falar de mim, que falta de educação. Vamos falar de você, como andam as coisas?
Tudo bem com você?
Diego Gianni
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